“Divertimentos Bárbaros”: sambas, batuques e diversão em Belém na segunda metade do século XIX (1869-1888)

O presente trabalho busca evidenciar a sociabilidade urbana de negros escravizados, de pobres, libertos e mestiços, em Belém, na segunda metade do século XIX, entre 1869- 1888; no que procura mostrar através de fontes de jornais, da época, os significados dados pelos moradores do entorno do centro da cidade e o posicionamento político-ideológico dos jornalistas em relação às práticas sociais realizadas pelos chamados "incivilizados", bem como a forma policialesca de controle do poder público em proibir as chamadas "diversões bárbaras", vez que as formas de divertimentos dos negros e pobres eram consideradas ofensivas e inconvenientes pelos moradores que moravam nos entornos de onde eram realizadas essas práticas. Essas manifestações culturais, no entanto, constituíram importantes elementos de resistência cultural e social para negros e pobres, desafiando o status quo e expondo as tensões sociais da época. A imprensa conservadora desempenhou um papel crucial ao atuar como elemento intimidatório, coercitivo e legitimador das ações repressivas do Estado, que não aceitava práticas como os batuques considerados incivilizados.