A relação entre constituição da identidade de gênero e brincadeiras infantis no ambiente escolar

A presente pesquisa aborda a relação entre a constituição da identidade de gênero e as brincadeiras infantis no ambiente escolar, mais especificamente no espaço da Brinquedoteca em uma Escola de Educação Infantil. Os objetivos principais da pesquisa é analisar como as brincadeiras infantis produzem ou reproduzem as identidades de gênero no contexto educacional, além de identificar os valores e comportamentos pré-estabelecidos social e culturalmente que estão "normalizados" nas brincadeiras infantis, de acordo com o gênero, e verificar o impacto da divisão das brincadeiras e brinquedos por gênero no espaço escolar sobre as crianças. Para fundamentações teóricas dessa discussão, foram consideradas contribuições de renomados autores como Louro (1997,1999), Silva (2000) e Hall (2006), que possuem pesquisas nas áreas de Estudos Culturais e Feministas. Além disso, pesquisadores como Barros (2009), Brougère (2010) e Felipe (2003) também forneceram base sobre a importância do brincar e sua influência na formação das crianças a partir dos aspectos culturais e sociais. Este estudo adotou uma abordagem pós-crítica para investigação e análise, utilizando aproximações etnográficas para compreender os aspectos gerais e, principalmente, a subjetividade dos sujeitos envolvidos. A observação participante foi utilizada para capturar os movimentos e o cotidiano da pesquisa, enquanto o método da conversação permitiu que os participantes se expressassem livremente e compartilhassem suas experiências. Além disso, o uso de imagens foi empregado para aprofundar a compreensão dos aspectos mais intrínsecos da pesquisa. Os resultados destacam questões problemáticas que vão além do espaço da Brinquedoteca, evidenciando que a constituição da identidade de gênero é influenciada também por fatores externos à escola, e que as crianças carregam consigo valores culturais muito bem estabelecidos em suas formações sociais, é importante destacar, então, que a divisão de brincadeiras e brinquedos por gênero vivenciadas no cotidiano escolar pode contribuir para a perpetuação de estereótipos, afetando o desenvolvimento das crianças. No entanto, há esperança de mudança por meio da transformação das práticas pedagógicas, visando construir uma política que valorize a equidade no brincar infantil. Em suma, este trabalho ressalta a necessidade de repensar as práticas educativas, promovendo um ambiente escolar inclusivo, no qual as crianças tenham a liberdade de explorar uma variedade de brincadeiras, independentemente de seu gênero. A pesquisa destaca a importância de criar espaços no qual as crianças possam se expressar livremente, desafiar estereótipos de gênero e desenvolver uma compreensão mais ampla da diversidade humana.