Culto ao menino Zezinho no Cemitério da Soledade em Belém em meio às modificações do espaço santo

O presente artigo objetiva evidenciar um aspecto específico da prática conhecida na região Amazônica como ‘Culto das Almas’, presente em cemitérios da cidade de Belém, principalmente nos cemitérios de matriz oitocentista Nossa Senhora da Soledade e de Santa Izabel, construídos originalmente em áreas afastadas do centro e que foram absorvidas e incorporadas com a expansão urbana, ocupando as áreas do bairro de Batista Campos – área nobre – e Guamá – um dos bairros mais populosos da cidade. Partindo da perspectiva da observação flutuante de Pèttonet (2008), foi realizado um percurso etnográfico focado no desdobramento desse culto às almas que constitui a relação destes devotos com o Menino Zezinho no cemitério da Soledade, os aspectos principais da relação deste ‘santo popular’ com seus devotos, identificar as graças concedidas e a natureza dos milagres atribuídos a ele, assim como as circunstâncias de sua ‘santificação’ e a manutenção, ou não, de sua tradição, com possibilidade de desaparecimento desse culto mediante os múltiplos processos de musealização e outros tipos de consumo deste campo santo e demais modificações possíveis no ambiente urbano de Belém, que transformou o campo santo em um espaço turístico incorporado ao centro da cidade, ficando o mesmo como uma importante demarcação histórica do lugar.