As Representações sociais dos jovens sobre as implicações educacionais e sociais do Projeto Mundiar em seu projeto de vida

Atualmente as constantes avaliações sobre a baixa escolaridade da população brasileira, realizadas por diversas instituições nacionais e internacionais, apontam que é necessário repensar as políticas voltadas à garantia da educação básica. Inúmeros projetos são implantados visando minimizar as distorções idade/ano da população acima de 15 anos. No Estado do Pará, o Projeto Mundiar é implantado a partir de 2014 com o discurso de acelerar o tempo de estudos desses jovens, a partir de financiamentos de Organismos Internacionais. Tal cenário, nos leva a pensar, quais são as representações sociais dos jovens sobre o Projeto Mundiar e quais as implicações educacionais e sociais em seu projeto de vida? No sentido de responder esse questionamento, o objetivo dessa pesquisa é compreender as representações sociais dos jovens sobre as implicações educacionais e sociais do Projeto Mundiar em seu projeto de vida. Para isso situamos esse estudo ao campo teórico e metodológico das representações sociais, mais especificamente na abordagem processual de Jodellet (2001) a partir da tridimensionalidade que envolve: a) sujeitos; b) contextos e c) efeitos. Para mostrar quem são os sujeitos iniciamos com a abordagem sobre a juventude com os autores Dayrell (2003), Serra Freire (2007), Ramos; Araújo (2013), Neves (2014) e Farias (2018). O contexto em que os jovens que colaboraram com esse estudo, são de uma turma do ensino fundamental anos finais do Projeto Mundiar da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Monsenhor Mâncio Ribeiro do município de Bragança-PA. Utilizamos Mesquita (2018) e Pará (2013; 2016) para dialogar a respeito desse contexto. Os efeitos/implicações educacionais e sociais são discutidos com Leão; Dyraell; Reis (2011) e Klein; Arantes (2016). Os dados foram coletados por meio de questionário com questões fechadas (Gil, 2008) e entrevista semiestruturada (Minayo, 2009). Os resultados demonstram que esses jovens vivem em condições sociais e econômicas que fragilizam suas existências e colocam em risco seu futuro; sua trajetória escolar de exclusão, pouco sofre alterações com a sua participação no Projeto Mundiar, embora este se apresente como a oportunidade diante do estigma de incapazes - de sujeitos de que não aprendem e/ou tem dificuldades de aprender – reforça a desigualdade social a partir de um modelo escolar que certifica, sem assegurar as possibilidades futuras desses jovens, limitando-os ao subemprego.