A nucleação de escolas do campo e o enfraquecimento das relações sociais nas comunidades camponesas

O presente artigo tem como objetivo principal analisar o processo de nucleação das escolas do campo a partir da realidade de uma escola do campo na condição de anexa a uma escola polo, no município de Medicilândia, estado do Pará, e, por conseguinte, as possíveis modificações nas relações sociais no interior desta comunidade, bem como o processo de agrupamento destas, e, como os desdobramentos de tal decisão de intervenção da ação governamental afetam o conjunto dos comunitários. E os objetivos específicos apontam para compreender o processo de nucleação da escola da comunidade Agrovila Belo Horizonte; discutir sobre as relações sociais intrínseca na comunidade do campo; averiguar se houve melhorias de ensino/aprendizagem que contemplasse os objetivos do poder público como argumento para o agrupamento da escola. Neste sentido, trazemos para o debate as percepções dos atores sociais educacionais diretamente envolvidos ou impactados pela referida tomada de decisão dos agentes estatais, notadamente os/as secretários/as de educação municipais, familiares de alunos, alunos e professores das comunidades camponesas envolvidas e/ou impactadas com tal decisão. Assim, interessa saber se, e em que medida, as determinações legais previstas constitucionalmente são levadas em consideração, e como estas afetam direta ou indiretamente os membros da comunidade, e, notadamente, como e/ou se coletivamente, se constitui o espaço e as condições adequados para o diálogo entre os agentes do poder público e as lideranças da comunidade visando a tomada de decisão conjunta que anteceda a decisão final acerca do fechamento das escolas do campo, regra ou princípio jurídico previsto em legislação especifica sobre a referida temática. No decorrer da pesquisa foi possível identificar algumas questões relativas as percepções dos gestores municipais que dizem respeito ao uso dos recursos financeiros aplicados na educação, e que, na apreciação destes estimulam ou favorecem os processos de nucleações, que ocorrem no meio camponês. O fechamento das escolas, e, as vezes associado ao fechamento da “igrejinha” da comunidade, frutos da forma de organização social vigente, da oferta de políticas públicas e sociais, acabam por fragilizar as relações sociais das famílias que permanecem no lugar, muitas vezes, cercados, de todas as formas, pelos fazendeiros agropecuários, que vão incorporando novas parcelas de terras as suas atividades produtivas, fragilizando a agricultura familiar e os laços comunitários de convivência.