A República da Puçanga: farmácia, farmacêuticos e as artes de curar em Belém do Pará (1889-1905)

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10-09-2024

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SILVA, Karla Yasmim Ferreira da. A República da Puçanga: farmácia, farmacêuticos e as artes de curar em Belém do Pará (1889-1905). Orientador: Aldrin Moura de Figueiredo. 51 f. 2024. Trabalho de Curso (Licenciatura em História) - Faculdade de História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará, Belém, 2024. Disponível em: https://bdm.ufpa.br/jspui/handle/prefix/7253. Acesso em: .
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o universo da cura e a atuação dos variados formuladores de medicamento, demonstrando que médicos e farmacêuticos, durante o regime republicano no Pará, disputavam espaço com sujeitos sem formação acadêmica. Para tanto, buscou-se analisar as hipóteses levantadas, tendo em vista o recorte temporal que vai da instalação da República (1889) até 1905, quando o governo do estado inaugura e consolida em Belém a primeira Escola de Farmácia. A metodologia, de cunho qualitativo, considerou a pesquisa bibliográfica e de fontes históricas levantadas em acervo digital e físico. No regime republicano em Belém, em nome da ciência e do interesse de médicos e farmacêuticos, houve um acirramento do combate às artes de curar de tradição popular, deslocando-as para as margens da legislação e colocando-as na categoria de práticas ilegais da medicina. Sem licença ou formação acadêmica para atuar nesse campo, curandeiros, parteiras, pajés e tantos outros foram acusados de exercício ilegal da medicina. No entanto, apesar desse combate ter ocorrido em diversas frentes, não foi definido em um único golpe, pois passou por várias fases de conflito e negociação. A insistência das artes de curar populares em permanecer ainda muito vivas em meio a tantos ataques, estava ligada à sua forte demanda por parte da população e, como foi o caso dos práticos de farmácia, na ambiguidade da própria legislação republicana que lhes permitia atuar livremente. Portanto, nas décadas iniciais da República, essas instituições ainda estavam longe de serem espaços totalmente medicalizados. A República que exaltava a ciência, no fundo, era voraz consumidora de “puçanga”. Assim, a história da farmácia, dos farmacêuticos e dos remédios na Amazônia não pode ser compreendida fora dos conflitos que ocorrem na sociedade. A própria história da ciência, longe de ser uma epopeia evolutiva e vitoriosa, esteve sempre permeada de conflitos e resistências que envolviam diversas concepções de mundo, assim como qualquer história dos homens.

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