Caracterização anatômica do Tambaqui (Colossoma macroponum, Cuvier, 1816) como ferramenta para a autenticação do pescado inteiro, eviscerado e seus cortes

O consumo de peixe no Brasil é relativamente baixo, com variações regionais influenciadas por fatores culturais. A região Norte destaca-se pelo maior consumo de peixe devido à facilidade de acesso, especialmente em comunidades ribeirinhas. O estado do Pará, apesar de ocupar a 14ª posição na aquicultura nacional, triplicou sua produção em dez anos e apresenta um consumo médio de pescado quatro vezes maior que a média nacional. Paragominas, Marabá e Tucuruí são os principais municípios produtores no estado, com a espécie Tambaqui (Colossoma macropomum) sendo a mais produzida, superando a média nacional. O Tambaqui, nativo da Amazônia, possui grande relevância comercial e zootécnica, destacando-se por seu rápido crescimento e adaptabilidade. No entanto, fraudes na comercialização de pescado, como a substituição de espécies, são um desafio. Técnicas de identificação anatômica, como a caracterização dos miômeros e mioseptos, são essenciais para combater essas fraudes. Este estudo caracterizou anatômica e morfologicamente o Tambaqui, propondo uma metodologia baseada no manual do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), mas adaptada para atingir maior abrangência. A pesquisa utilizou exemplares de Tambaqui da piscicultura da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), avaliando características externas e internas, como escamas, nadadeiras e musculatura. A análise dos miômeros e mioseptos mostrou variações significativas entre diferentes segmentos do filé, sugerindo uma nova metodologia de análise aplicável também a outras espécies. A caracterização anatômica do Tambaqui é crucial para garantir a autenticidade e segurança alimentar, além de fornecer uma base para protocolos de controle de qualidade na cadeia produtiva do pescado.