Tapanã - vivências e subjetividades: refazendo caminhos da performance “h(Á) Sangue Frio”

Este Trabalho de Conclusão de Curso refaz os caminhos da performance h(Á) Sangue Frio, proposta artística concebida no âmbito da disciplina Performance do curso de Licenciatura em Teatro da UFPA. A pesquisa parte da experiência autobiográfica do autor, nascido e criado no bairro do Tapanã, periferia de Belém, para investigar como as memórias pessoais atravessadas pela violência urbana e pelo genocídio da juventude negra se transformam em matéria estética e política. O problema central consiste em compreender de que modo a violência sistêmica, inscrita na realidade periférica amazônica, repercute no corpo do performer e se converte em gesto artístico. A metodologia utilizada combina elementos da autoetnografia e da análise performática, articulando narrativas pessoais, memórias coletivas e referenciais teóricos sobre performance, necropolítica e biopolítica. O referencial teórico mobiliza autores como Richard Schechner (performance), Josette Féral (performatividade), Michel Foucault (biopolítica), Achille Mbembe (necropolítica), Alba Zaluar (violência urbana) e Cassuriaga (performance art). O estudo evidencia como elementos cênicos como o gelo, as camisas ensanguentadas, os nomes e a sirene instauram uma dramaturgia do real capaz de presentificar as vítimas e expor a banalização da morte nas periferias brasileiras. Conclui-se que a performance não apenas denuncia a barbárie, mas também reinscreve os mortos na memória coletiva, tensionando os limites entre arte, vida e política. O trabalho contribui para o campo da performance arte para o debate sobre as possibilidades de criação estética em contextos de vulnerabilidade social.