A relação humano-natureza no Quilombo: fauna silvestre e preservação das tradições ecológicas culturais na Comunidade Quilombola de Jacarequara, município de Santa Luzia do Pará

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02-07-2024

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PEREIRA, Ana Beatriz da Conceição. A relação humano-natureza no Quilombo: fauna silvestre e preservação das tradições ecológicas culturais na Comunidade Quilombola de Jacarequara, município de Santa Luzia do Pará. Orientadora: Valéria dos Santos Moraes Ornellas. 2024. 44 f. Trabalho de Curso (Graduação em Ciências Naturais) – Faculdade de Ciências Naturais. Instituto de Estudos Costeiros, Campus Universitário de Bragança, Universidade Federal do Pará, Bragança-PA, 2024. Disponível em: https://bdm.ufpa.br/jspui/handle/prefix/7063. Acesso em: .
As comunidades quilombolas assumem um importante papel dentro da sociedade. Especialmente em se tratando da preservação dos valores e da identidade e conservação da biodiversidade, por serem os quilombos lugares históricos, com diversidade ecológica cultural relevante dentro do patrimônio da humanidade. Por meio dessas tradições, é possível reconhecer saberes e fazeres que ainda se fazem presentes, mesmo diante das ameaças à sua permanência manifestadas dentro dos territórios. A presente pesquisa trata de um estudo realizada no Quilombo do Jacarequara, munícipio de Santa Luzia do Pará, entre dezembro de 2019 e dezembro de 2023, visando, por meio de uma abordagem da ecologia cultural, ampliar estudos sobre as relações do ser humano com a natureza. Os resultados foram coletados por meio de observação participante e entrevistas semiestruturadas, com os moradores do referido Quilombo. Para isso, as etapas da pesquisa se deram através primeiramente de diálogos com pessoas mais velhas da comunidade, aquelas que detém dos conhecimentos e experiências agregadas do passado. Posteriormente, realizou-se com os moradores mais jovens que ainda caçam, vistos como detentores das práticas de captura de animais silvestres. Para finalizar, foi realizada uma ação educativa na escola, a fim de causar interações da pesquisa com o ensino das gerações mais novas. Segundo os moradores mais antigos, algumas espécies eram caçadas no passado para comer, como: tatu, guariba, macaco, quati, caititu, queixada, veado, anta, paca, cutia, jabuti, jacaré, mutum e jacu. A carne de caça não era vendida, pois servia apenas para subsistência. Uma das entrevistadas afirmou que esses animais desapareceram, mas, outros moradores indicam locais de ocorrência de alguns mamíferos e aves, bem como métodos de captura por eles empregados nas caçadas. A fauna ainda se concentra nas áreas florestadas remanescentes, principalmente às margens do rio Guamá, do rio Jacarequara Grande e do igarapé Jacarequarazinho. Dentre os mamíferos, são mencionados atualmente: tatu (mais do que uma espécie), macaco, quati, caititu, veado, paca, cutia, capivara, dentre outras. Papagaios, arãncuã, mutum, jacú e jatuacú são aves também citadas nas entrevistas. As crianças na escola mostraram interesse e aceitação da ação pedagógica em torno da biodiversidade local, a partir da qual foi possível fazer uma aproximação entre conteúdo da disciplina de Ciências e o contexto local. Pode-se considerar que, de maneira geral, existe uma tomada de consciência na comunidade sobre a necessidade de respeitar os rios, suas matas ciliares e a fauna silvestre associada. Mas, os moradores mais antigos sugerem ter havido sérias perdas do conhecimento tradicional que garantia relações mais saudáveis da comunidade com o meio natural. Por esse motivo, eles têm trabalhado de maneira cooperativa em projetos que envolvem: agroecologia, memória biocultural e identidade quilombola.

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