O texto em sala de aula: práticas de linguagem, alfabetização e letramento (s) nos anos iniciais

A alfabetização e o letramento permanecem como desafios centrais no cenário educacional brasileiro, mesmo com a implementação de políticas públicas voltadas para superar o analfabetismo. Dados do Sistema Paraense de Avaliação Educacional (2023) revelam que cerca de 60% dos alunos do 5º ano apresentam baixo desempenho em Língua Portuguesa, indicando fragilidades desde os anos iniciais. Nesse contexto, o estudo da Psicogênese da Língua Escrita (Ferreiro; Teberosky, 1986) e a perspectiva de alfabetizar letrando (Soares, 2020) oferecem fundamentos para compreender os processos de apropriação do sistema alfabético e da inserção social da escrita. Os gêneros textuais, entendidos como práticas discursivas (Marcuschi, 2010), tornam-se recursos pedagógicos que aproximam as crianças das funções sociais da linguagem. Este trabalho, realizado em uma escola pública de Capanema-PA, analisa a presença e a utilização dos gêneros textuais em práticas de alfabetização no 1º ano do Ensino Fundamental. A pesquisa, de abordagem qualitativa e natureza pesquisa-ação, utilizou observação participante e diário de bordo como instrumentos de coleta. Os resultados evidenciam práticas ainda marcadas pela ênfase na decodificação, em contraste com as orientações da BNCC, que propõe o texto como unidade central do ensino. Conclui-se que o uso significativo de gêneros textuais pode potencializar a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento das competências de leitura e escrita.