Interfaces entre o Campo Científico e o Comunicacional: Uma agenda de discussões sobre a comunicação pública da ciência na Amazônia.

O avanço da produção de conhecimento enseja uma crescente demanda por comunicação científica. Este artigo parte da hipótese de que as transformações observadas no campo científico (BOURDIEU, 2004) foram determinantes para o estabelecimento dos diferentes modelos de comunicação da ciência – déficit, contextual, expertise leiga e participação pública -, segundo as definições de Bruce Lewenstein (2003) e Graça Caldas (2010). A revisão bibliográfica desenvolvida neste trabalho mostra que tais modelos indicam o entendimento da comunicação ora de forma unidirecional, ora dialógica. Contudo, verifica-se, de forma predominante, uma perspectiva instrumental e verticalizada de comunicação científica que serve a uma estratégia de dominação por parte do campo científico. Diante das particularidades históricas da região amazônica, periférica no sistema capitalista global, argumenta-se que a comunicação pública da ciência na Amazônia, além de adotar uma postura crítica ante as implicações sociais, políticas e econômicas do processo de colonialidade do saber científico na região, deve estar comprometida com um modelo alternativo de desenvolvimento e com uma perspectiva dialógica e democrática, que respeite a diversidade étnica, cultural e social dos povos que a compõem e valorize os saberes locais.