Perfil nutricional de pacientes com câncer do trato digestório internados em um hospital universitário do estado do Pará

Introdução: Pacientes com câncer do trato digestório apresentam modificações no seu estado nutricional que conduzem a vários graus de desnutrição. A avaliação do estado nutricional é primordial para identificar o risco de desnutrição ou desnutrição já estabelecida. Objetivo: Caracterizar o perfil clínico, antropométrico e alimentar de pacientes com câncer do sistema digestório, internados em um Hospital Universitário em Belém, PA. Método: Estudo de natureza descritiva, transversal e prospectiva com características analíticas, realizado no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), no período de julho de 2018 a março de 2020. A amostra foi composta por pacientes oncológicos adultos e idosos, de ambos os sexos, com diagnóstico confirmado de neoplasia do trato digestório e glândulas anexas. Resultados: Foram incluídos 59 pacientes internados com câncer do trato digestório, dos quais 50,8 % eram homens e 49,2%, mulheres, 96,6% eram ex­fumantes e 76,3%, ex­etilista. Os principais sintomas gastrointestinais apresentados foram obstipação por cerca de 36%, vômito com 22,3%, diarreia e dor abdominal ambas com 18,6%. Nas alterações de deglutição, odinofagia e disfagia se manifestaram por 28,8 e 27,1%, respectivamente. Dos problemas neurológicos, cefaleia por 20,3% dos pacientes e fraqueza motora por cerca de 17% foram os sintomas mais presentes. O tipo mais frequente de câncer foi o de estômago, 57,6%, seguido de intestino, 16,9%, e esôfago, 10,2%. A maioria dos adultos, 61,8%, se classificava como eutrófico quanto ao IMC, enquanto os idosos, 60%, apresentaram­se desnutridos. Dos 59 pacientes, 62,7% apresentaram desnutrição (leve, moderada ou grave) quanto à circunferência braquial. Dos 25 idosos, 56% apresentavam perda de massa muscular com base na circunferência da panturrilha. Dos hábitos alimentares em geral, houve um alto consumo de alimentos considerados carcinogênicos. Conclusão: A desnutrição se mostrou prevalente nesses pacientes, principalmente em idosos. A presença dos sintomas e a inapetência alimentar associaram­se ao tratamento antineoplásico. Observou­se, também, alto consumo de alimentos promotores em detrimento de alimentos protetores.