Síndrome mão-pé-boca: análise das manifestações clínicas associadas, etiologia e epidemiologia molecular em crianças e adolescentes atendidos no setor de atendimento médico unificado (SOAMU) do Instituto Evandro Chagas/SVS/MS

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01-01-2022

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FARIAS, Francisco Neto Pinheiro; SOUZA, Maurício Ferreira. Síndrome mão-pé-boca: análise das manifestações clínicas associadas, etiologia e epidemiologia molecular em crianças e adolescentes atendidos no setor de atendimento médico unificado (SOAMU) do Instituto Evandro Chagas/SVS/MS. Orientadora: Maria Cleonice Aguiar Justino. 2022. 106 f. Trabalho de Curso (Bacharelado em Medicina) - Faculdade de Medicina, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Pará, Belém, 2022. Disponível em: https://bdm.ufpa.br:8443/jspui/handle/prefix/6125. Acesso em:.
A Síndrome Mão-pé-boca (SMPB) consiste em uma doença de etiologia viral altamente contagiosa, causada pelos Enterovírus A71, Coxsackievirus e Echovírus. A doença é caracterizada por estado febril e acompanhada por erupção eritematosa papulovesicular, de ocorrência predominante em crianças menores de cinco anos de idade, mas podendo acometer também adolescentes e adultos. A erupção localiza-se, principalmente, nas mãos, nos pés e na mucosa oral, podendo ocasionar úlceras muito dolorosas que podem dificultar a ingesta de líquidos e alimentos. O diagnóstico é realizado principalmente por meio de isolamento viral nas fezes, porém análises moleculares em swabs obtidos de orofaringe e de lesões de pele permitem a identificação RNA viral dos enterovírus envolvidos. De uma maneira geral, a doença evolui de forma benigna e autolimitada em poucas semanas, contudo há relatos na literatura de complicações envolvendo o sistema neurológico e cardiovascular. Na Ásia e nos EUA a doença é de notificação compulsória permitindo o monitoramento das manifestações clínicas e genótipos virais circulantes. No Brasil, apenas surtos extensos suscitam ações de vigilância epidemiológica, não sendo possível estimar o impacto e o perfil da doença no País. O objetivo deste trabalho foi descrever os aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes com sintomas de SMPB que procuram o Setor de Atendimento Médico Unificado (SOAMU) do Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, por meio de estudo observacional, prospectivo e longitudinal, realizado no período de janeiro de 2019 a fevereiro de 2020, e seguimento dos participantes até a resolução dos sintomas após a realização de pelo menos três consultas ambulatoriais em intervalos regulares. Foram obtidas amostras de fezes, swab de orofaringe, swab de pele e amostra de sangue para detecção dos enterovírus por meio de isolamento viral e RT-PCR, respectivamente, realizados na Seção de Virologia. Foram incluídos na pesquisa 92 participantes, dos quais 81% (75/92) apresentaram confirmação laboratorial da doença. A maioria pertencia ao sexo masculino (53%), predominância da cor parda (66%), faixa etária compreendida entre zero a cinco anos (69%) com predomínio de casos nos meses de maio a julho. As manifestações clínicas predominantes corresponderam à presença de febre (91%), lesões do tipo vesicobolhosas em mãos e pés (68%), úlceras orais (55%) e irritabilidade (67%). A descamação da pele foi observada em 91% dos participantes cerca de 11 dias após início da doença com duração média de 17 dias. Onicomadese ocorreu em 37% dos casos cerca de 20 dias após início dos sintomas com duração média de 22 dias. A genotipagem dos enterovírus detectados na pesquisa observou uma predominância de Coxsackievirus do tipo A6. A presente pesquisa, inédita na região Norte, joga luz sobre as manifestações clínicas tardias da SMPB, pouco difundidas na comunidade médica pediátrica e dermatológica, ressaltando a importância do seguimento ambulatorial desses pacientes por período que ultrapasse o desaparecimento das lesões de pele.

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