Febre tifóide: perfil clínico-epidemiológico e de sensibilidade das cepas de Salmonella Typhi a antimicrobianos no Hospital Universitário João de Barros Barreto

A febre tifóide é doença infecciosa de distribuição mundial estreitamente relacionada aos baixos níveis sócio-econômicos, às más condições de higiene e à deficiência no tratamento e na distribuição da água. Durante muito tempo adotou-se o cloranfenicol como droga de escolha no tratamento dos pacientes acometidos por esta patologia no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), porém, nos últimos anos, esta droga, acompanhando uma tendência mundial, em virtude do aparecimento de cepas de Salmonella typhi multidroga-resistente, vem sendo gradativamente substituída pelas fluoroquinolonas, mais especificamente a ciprofloxacina. Tendo em vista o custo elevado do tratamento com a ciprofloxacina quando comparado com a primeira droga, torna-se de grande importância a análise do perfil de sensibilidade destas cepas para a eleição de um antimicrobiano que apresente melhor custo-benefício, tornando-se mais condizente com a realidade do sistema público de saúde. O presente trabalho visa analisar o perfil clinico-epidemiológico e a sensibilidade das cepas de Salmonella typhi aos antimicrobianos em 36 pacientes acometidos por febre tifóide registrados no HUJBB no período de 2001 até 2006. Para tal, foi elaborada uma ficha de avaliação em que foram estudadas, dentre outras variáveis, a idade ao diagnóstico, escolaridade, município de procedência, tempo de evolução da doença, os sinais e sintomas apresentados, antimicrobiano utilizado e perfil de sensibilidade das cepas a estes. Foi realizada análise estatística, aplicando-se o teste do qui-quadrado e a significância estatística foi aceita ao nível de 95%. Os resultados nos permitiram concluir que a faixa etária mais acometida é a dos adultos jovens, com predomínio do sexo masculino (63,9%), a maioria dos casos foi procedente da região metropolitana de Belém (72,23%) e aconteceram no segundo semestre favorecida por fatores geoclimáticos e culturais, apresentavam baixa escolaridade, o sintoma mais frequente foi a febre, presente em todos os casos. O antibiótico mais utilizado durante o tratamento foi a ciprofloxacina (72,23%). Não foi demonstrada resistência a nenhum dos antimicrobianos utilizados. A grande maioria dos pacientes evoluiu com remissão dos sintomas, porém não houve controle de cura em 77,78% dos casos.