A experiência do centro de informações toxicológicas (CIT) de Belém na intoxicação por chumbinho (carbamato) no período de março de 1998 a março de 2005

As intoxicações por carbamato constituem um grave problema de saúde pública particularmente nos países em desenvolvimento, onde há uma deficiência na fiscalização e no controle do acesso ao tóxico pela população. O presente trabalho visa descrever o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes vítimas de intoxicação por chumbinho (carbamato) notificados ao CIT – Belém no período de Março de 1998 a Março de 2005. Foram revisadas 408 fichas de notificação de acidentes por carbamato, das quais selecionaram-se 271 fichas correspondentes aos casos de intoxicação por carbamato no período mencionado. Dos 7687 casos de intoxicação registrados no período citado, 5% das notificações corresponderam a intoxicações por carbamato. A maioria dos casos ocorreu na própria capital, sendo 66% e o restante, 34% em outros municípios. Os bairros do Guamá e da Sacramenta se destacaram na capital paraense representando 7,32% e 7,01% casos de intoxicação respectivamente. O sexo feminino foi o mais expressivo respondendo por 57% dos casos registrados. A faixa etária mais acometida vai de 20 a 29 anos, respondendo por 28,7% dos casos de intoxicação, seguida pela faixa etária que vai de 30 a 39 anos, representando uma parcela de 26,5% casos. A residência foi o palco de 72 % dos envenenamentos e a classe estudantil representou a maior parte das categorias envolvidas, registrando-se 41 casos. 54% dos episódios ocorreram durante tentativas de suicídio. Verificou-se a presença de manifestações clínicas em 92 % dos pacientes que tiveram contato com o carbamato, das quais destacaram-se sialorréia, miose e êmese, que corresponderam a 85 %, 65 % e 55 % dos casos, respectivamente. 57 % dos pacientes evoluíram para cura e 6% para óbito. A intoxicação propriamente dita foi o tipo de ocorrência mais comum, ocorrendo em 94,09% dos casos e em 5,53% ocorreu apenas a exposição ao agente tóxico. Observou-se que a via de absorção oral foi esteve envolvida em 97 % dos casos. Em 97,41% dos acidentes o tipo de exposição aguda-única esteve presente, e 83,76% dos pacientes necessitaram de hospitalização. Esses resultados mostram que intoxicações por carbamato merecem mais atenção por parte das autoridades sanitárias e dos órgãos responsáveis pela sua fiscalização, principalmente nos países em desenvolvimento.