Grades da pele: um processo de criação em dança a partir de experiências familiares em situação de cárcere

Este é um memorial de obra coreográfica que trata de minha experiência enquanto familiar de um detento, mediante as dificuldades de estar experienciando o cárcere e como a dança auxilia neste processo. Apresenta desta forma, um processo sobre o cuidado de si por meio da dança, assim como, relata como estas experiências vividas se tornaram propulsoras de uma poética cênica. Nomeei a abordagem metodológica criada para esta pesquisa-criação como coreovisita, nela além das visitações ao espaço físico do cárcere, realizo relatos de experiências, um processo de composição coreográfica e um estudo bibliográfico acerca do contexto do cárcere por meio de autores como Michel Foucault (2012), Fábio Godoi e Rafael Mallart (2017); sobre Processo criativo em dança e política por meio de autores como André Lepecki (2012), Helena Katz e Christine Greiner (2012) que traçam suas experiências teóricas por meio da dança em relações com o mundo, sem uma espécie de regra ou predefinições; e ainda a compreensão de conversão semiótica de João de Jesus Paes Loureiro (2007) para pensar como criar dança por meio de uma experiência cotidiana. Como resultante, posso dizer que todo este processo se baseia na continuidade de movimentos, gestos e ressignificação de vivências e experiências e, por conseguinte, ele contribui para um cuidado de si em uma experiência de vida difícil e, além disso, percebo que, assim como os processos de vida, os processos em dança seguem em estado de inacabamento.