O legado de Vicente Sales: critérios e métodos de abordagem literária em seu chão

Esta pesquisa tem por objetivo identificar os critérios e os métodos de análise da literatura e da vida amazônica na obra de crítica literária de Vicente Salles, intelectual paraense de atuação científica multifacetada do ponto de vista disciplinar. Para tanto, o ponto de partida é um de seus ensaios mais conhecidos no meio acadêmico/literário, o Chão de Dalcídio (1978), com o intuito de identificar qual a herança deixada por Vicente Salles para os estudos da literatura no Pará. Para tal empreendimento, o aporte teórico consistiu na Estética da Recepção, escola de teoria literária que visou destacar a atividade de leitura historicamente constituída, basicamente os volumes publicados no Brasil sob os seguintes títulos: A História da literatura como provocação à Teoria literária (2002), de Hans Robert Jauss; A literatura e o leitor (2002), org. de Luiz Costa Lima; e Estética da Recepção e História da Literatura (1989), de Regina Zilberman. Sobre a obra de Vicente Salles, foram úteis os estudos de Karla Aléssio Oliveto, dissertação de mestrado Vicente Salles: trajetória pessoal e procedimentos de pesquisa em Música (2007); e os estudos de Roseane Silveira de Souza, artigo Vicente Juarimbu Salles (1931-2013): o tempo vence o homem, não a obra (2013), entre outros. Levanta-se que os principais critérios de Vicente Salles em seu Chão são os elementos locais da Amazônia paraense e a apropriação do material folclórico observado pelo crítico no romance de Dalcídio Jurandir; os métodos são híbridos e interdisciplinares, operam uma dialética entre o estético e sociológico, tipo de operação da crítica literária mais importante do século XX, na medida em que, por esse método, a história é analisada no seio da linguagem e os processos sociais são analisados em processo de formalização estética.