Características dos sistemas precipitantes produtores de relâmpagos e suas possíveis relações com as queimadas no Centro-Sul da Amazônia

As características da precipitação, ocorrências de relâmpagos e de cada tipo de sistema precipitante são investigados pelos dados do satélite Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM) através dos sensores Lightning Imaging Sensor (LIS), Precipitation Radar (PR) e TRMM Microwave Imager (TMI), no período de dezembro de 1997 a dezembro de 2012 sobre o sul da Amazônia. Este trabalho analisou 15 anos de distribuição espacial e temporal dos relâmpagos e características dos sistemas precipitantes. Também foram analisados dados de focos de queimadas detectadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), no período de 1998 a 2007. Foi selecionada uma área delimitada entre 66ºW a 60ºW de longitude e 14ºS a 8ºS de latitude, a qual, posteriormente, foi dividida em quatro sub-áreas para um melhor detalhamento das informações. Os sistemas precipitantes foram classificados seguindo a metodologia de Nesbitt et. al. 2000 e obedecendo a nova definição dos dados realizados por Liu (2007). Os sistemas precipitantes amostrados pelo satélite TRMM utilizados neste trabalho são denominados ALLPFS estes são classificados em PFS e OTHPFS, que respectivamente, são aqueles que apresentam e não apresentam informação de temperatura de brilho. Os PFS são sub-classificados em sistemas sem assinatura de gelo (WOICE), com assinatura de gelo (WICE) e sistemas convectivos de mesoescala (MCS). Os resultados mostram que as regiões próximas dos municípios de Porto Velho (extremo oeste de Rondônia), sul do município de Humaitá (no Amazonas) e parte da Bolívia foram aquelas que apresentaram as maiores ocorrências de relâmpagos, com um valor de aproximadamente 5 a 6 relâmpagos/ano*km². Os WOICEs foram os sistemas mais frequentes em todas as regiões e os sistemas precipitantes da categoria WICE e MCS são aqueles que mais contribuem com a produção de relâmpagos sobre essas regiões. Os sistemas eletrificados apresentam grande contribuição no valor de precipitação sobre as regiões. Nas análises sobre a interação entre os relâmpagos e as queimadas observou que as queimadas nessa região ocorreram com mais frequência entre os meses de agosto a outubro período em que os sistemas precipitantes não estão tão atuantes em compensação aos sistemas precipitantes eletrificados e a maior quantidade de relâmpagos apresentam maior valor no segundo semestre do ano sendo assim, esse fator pode interferir na produção de relâmpagos em algumas regiões através da quantidade de aerossóis na atmosfera provenientes desta atividade.