Resistência e luta armada: Marighella pelas lentes do cinema brasileiro contemporâneo

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise do filme Marighella, dirigido por Wagner Moura, a partir de uma convergência entre a biografia intitulada Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo, de Mário Magalhães, e a representação fílmica, atentando, ainda, para a trajetória de outros personagens, não menos importantes no que diz respeito à luta armada no Brasil contra a ditadura militar. O filme é consistente quanto aos detalhes da trajetória do guerrilheiro Marighella, com base em documentos que conferem ao filme a veracidade histórica quanto aos feitos do personagem. Vetado no Brasil por conta de questões “ideológicas”, a produção teve boa recepção no exterior, ganhando prêmios de melhor atuação no International Film Festival of India, e elogiado em meio à crítica do Berlin International Film Festival, por captar o submundo da polícia militar e as atrocidades realizadas no período ditatorial brasileiro iniciadas, sobretudo com a chegada do AI-5. Como veremos, tais sequelas políticas ainda alimentaram a polarização ideológica no contexto político brasileiro do governo bolsonarista Concluímos que o filme apresenta de forma realista e brutal o período que configura os “anos de chumbo” no Brasil, em que Marighella representa, junto à guerrilha, a resistência aos desmandos da ditadura por meio da luta armada.