Discursos de crianças do ensino fundamental sobre práticas escolares de avaliação

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06-09-2019

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SILVA, Elenize Saraiva da. Discursos de crianças do ensino fundamental sobre práticas escolares de avaliação. Orientadora: Maria Gorete Rodrigues Cardoso. 2019. 104 f. Trabalho de Curso (Licenciatura em Pedagogia) – Faculdade de Educação. Campus Universitário de Bragança, Universidade Federal do Pará, Bragança-PA, 2019. Disponível em: https://bdm.ufpa.br:8443/jspui/handle/prefix/3639. Acesso em:.
O presente trabalho analisa discursos de crianças do Ensino Fundamental sobre avaliação da aprendizagem, procurando perceber os sentidos que as mesmas atribuem à avaliação realizada no contexto escolar e como esta prática pode ser pensada enquanto dispositivo de disciplinamento e controle exercido sobre as mentes e os corpos dos alunos e alunas a partir de um variado número de rituais institucionais. As análises estão pautadas no pensamento do filósofo francês Michel Foucault, sobretudo, no que tange à discussão sobre a relação entre discurso, saber e poder e sobre os dispositivos de poder disciplinar colocados em ação pela escola por meio das práticas avaliativas. O estudo opera com o referencial foucaultiano em diálogo com autores brasileiros do campo da avaliação educacional, tais como Luckesi (2008); Hoffmann (1994, 1995, 2002); Esteban (2003); Saul (2010). A pesquisa se pauta numa abordagem qualitativa, os dados empíricos foram coletados durante a participação no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) em uma escola pública do município de Bragança-PA, em que foi possível ouvir os alunos e alunas das turmas de 3º e 5º ano do Ensino Fundamental sobre as suas experiências com a avaliação, assim como possibilitou caracterizar as práticas avaliativas da escola por meio do diálogo com gestores e professores. Foram utilizados como procedimentos metodológicos a observação participante e a entrevista semiestruturada em grupo. Por meio da observação participante foram percebidos eventos vivenciados pelas crianças relacionados à avaliação, bem como as práticas das professoras no contexto de sala de aula. A entrevista semiestruturada foi realizada com um grupo de 10 crianças, 5 de cada turma, envolvendo dinâmicas adequadas à faixa etária das mesmas, com o objetivo de sensibilizá-las para se expressarem acerca do tema. O diálogo com as professoras regentes das duas turmas e com a gestão possibilitou complementar dados sobre a concepção e a prática da avaliação na instituição. Os discursos das crianças mostram a percepção da avaliação como sinônimo de prova e de exame, assim como atribuem a esta sentidos de medo, de punição e de castigo, devido ao poder disciplinar que os pais e professoras exercem sobre as mesmas por meio da avaliação. Argumento que no contexto pesquisado a avaliação envolve atitudes e comportamentos de ameaça por parte de pais e professores, o que gera medo nos alunos, medo do erro, da reprovação, do insucesso. É evidenciado, também, que as práticas de avaliação na escola ainda estão baseadas em um modelo tradicionalista de educação, supervalorizando a prova como instrumento de controle dos educandos, embora muitas vezes, em termos de proposta e argumentos, a gestão escolar e os professores defendam concepções progressistas e a diversificação de procedimentos e instrumentos qualitativos de avaliação. Em síntese, sugere-se que a pesquisa na área da avaliação deveria investigar mais profundamente aquilo que os alunos interiorizam sobre os processos avaliativos, o que muito pode contribuir para a construção de uma outra cultura avaliativa na escola, que aprimore práticas de acompanhamento do desempenho dos alunos num sentido mais diagnóstico e formativo e menos punitivo.

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