A pesca artesanal e suas possíveis relações com o ensino de ciências em uma escola ribeirinha do Xingu, Senador José Porfírio (PA)

A inserção de elementos do contexto dos alunos nos conteúdos curriculares é uma demanda que está constantemente nos debates acadêmicos e/ou escolares, e isso não é diferente nas escolas do campo. Construir ou redimensionar o currículo para atender a realidade das comunidades ribeirinhas principalmente de pescadores é mais que um desafio, é dar validade através do currículo aos saberes vividos para os estudantes. O artigo em tela tem como objetivo investigar as possíveis relações da pesca artesanal desenvolvida em uma comunidade ribeirinha com a disciplina de Ciências em turmas do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental. A produção de dados foi realizada em de abril de 2021, por meio de entrevistas gravadas com 10 alunos do 7° ao 9° ano do Ensino Fundamental, entre 13 e 17 anos de idade, prioritariamente aqueles que exercem a atividade pesqueira e com o professor da disciplina de Ciências. Os dados apontam que, a pesar dos alunos terem ligação com a pesca e esta ser apontada por eles como algo que poderia ser trabalhado na escola, como facilitador da aprendizagem, pouco dos saberes dos pescadores e de sua comunidade, como um todo, são incorporados na disciplina de Ciências, restringindo-se, geralmente, por parte do professor, a exemplos e algumas tentativas de contextualização, mas não são utilizados como ponto de partida (ou de chegadas) para reflexões críticas sobre a realidade local sendo, portanto, alicerçada a um modelo de prática docente que não dialoga com os modos e vida da comunidade.