A expressão “quem dera" como forma de negação não canônica: uma análise funcionalista

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Tipo de Documento

Trabalho de Curso - Graduação - Artigo

Data

11-09-2025

Orientador(es)

RUA, Robson Borges LattesORCID

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Tipo de acesso

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CARDOSO, Carla Beatriz Rodrigues. A expressão “quem dera" como forma de negação não canônica: uma análise funcionalista. Orientador: Robson Borges Rua. 2025. 27 f. Trabalho de Curso (Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa) – Faculdade de Ciências da Linguagem, Campus Universitário de Abaetetuba, Universidade Federal do Pará, Abaetetuba, 2025. Disponível em: https://bdm.ufpa.br/handle/prefix/8701. Acesso em:.
A presente pesquisa trata da análise funcionalista da expressão “quem dera” como uma forma de negação não canônica da Língua Portuguesa. Nesse sentido, objetiva-se apresentar e analisar tal construção, que, embora utilizada de forma constante, não está registrada em documentos oficiais do sistema linguístico. Para isso, analisou-se 5 dos 40 dados encontrados no aplicativo de mensagens Whatsapp, a partir dos quais se constatou que tal construção é mais comum, do que os advérbios, em contextos informais de interação comunicativa de negação. Diante disso, para fundamentar as discussões deste trabalho, inicialmente, fez-se um estudo das gramáticas de Cegalla (2008) e de Bechara (1999), a fim de apresentar e de conceituar os termos que constroem o vocábulo “quem dera”. A saber, define-se o “quem” como um pronome interrogativo e o “dera” como verbo conjugado na terceira, ou na primeira pessoa, do pretérito mais-que-perfeito do modo indicativo. Sob essa perspectiva, o pronome é aquele que se refere a determinada pessoa do discurso, e o verbo, aquele que sinaliza a ação de transferência – concreta ou abstrata – de algo para outrem. Entretanto, quando se debate sobre o domínio de negação, essas categorias morfológicas de função previamente definidas ganham novos sentidos. Isso posto, assentou-se as discussões nos principais postulados do funcionalismo para formular explicações sobre essa mudança de significado. Assim, dentre os estudiosos que abordam sobre a temática, para Rios de Oliveira (2020), as expressões linguísticas que são muito usadas tendem a se desgastar com mais rapidez, de modo que as pessoas buscam reciclar as quais se tornam ultrapassadas, o que explica a preferência pelo “quem dera” em detrimento dos advérbios de negação. De modo semelhante, Rosário (2015) afirma que, em razão das necessidades comunicativas, os falantes buscam novo rótulos, no intento de satisfazer a sua criatividade e expressividade linguísticas. Assim, esses e outros teóricos, apresentados ao longo do trabalho, fornecem importantes contribuições que são fundamentais para entender o objeto de análise desta pesquisa. Logo, conclui-se que o “quem dera” é reflexo de um português maleável, motivado por fatores sociais e culturais, que constantemente é reconstruído pelos usuários da língua, sob justificativas diversas, entre as quais se ressalta a expressividade desses sujeitos.

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