A Educação de jovens e adultos na Amazônia marajoara: desafios e perspectivas para a emancipação social no município de Curralinho/PA

O presente estudo tem como objeto a Educação de Jovens e Adultos na Amazônia marajoara, com a perspectiva de problematizar e refletir esta modalidade como um possível mecanismo de emancipação social para aqueles sujeitos que foram colocados à margem. Para tanto, busca-se em geral discutir a contribuição da EJA como mecanismo de emancipação social, para os jovens e adultos de Curralinho, alunos dessa modalidade de ensino, principalmente, dos que estudam na escola “Manoel Duarte”. De modo específico pretende-se: verificar se o Estado brasileiro ao longo da história tem tratado a EJA como um direito ou ação compensatória; compreender o desenvolvimento dessa modalidade de ensino em Curralinho e, também, refletir sobre a importância da EJA para a vida em sociedade de jovens e adultos no Marajó. E por fim, procuramos conhecer, por meio das narrativas orais, as percepções de docentes e discentes sobre a EJA na escola “Manoel Duarte”, elencando sentidos e significados atribuídos por esses agentes a essa modalidade em Curralinho. Em vista de alcançar os objetivos propostos adotamos os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica realizada em livros e artigos cuja a EJA é a principal referência; pesquisa documental tendo como principal documento a proposta curricular do município. Os dados foram coletados também, por meio de entrevista semiestruturada realizadas com três alunos, três professores uma coordenadora pedagógica os quais, fazem parte do universo da EJA, na escola, lócus da pesquisa. A leitura e interpretação dos dados empíricos à luz da análise de conteúdo possibilitaram constatar que a EJA em Curralinho em parte auxilia jovens e adultos subalternos no ingresso efetivo na sociedade, como cidadãos de direitos, que refletem sobre suas ações, cientes dos deveres e, principalmente, dos direitos que têm. Porém, a falta de compromisso por parte do governo municipal para materializar a EJA enquanto direito, implica de forma negativa no desenvolvimento de muitos desses alunos, e, sobretudo, no desenvolvimento educacional do município. No que corresponde a organização da EJA, na escola lócus da pesquisa, constatamos que não há um planejamento específico. Aliás, essa modalidade se apresenta como um apêndice na escola. Entendemos que a EJA, em Curralinho e na escola lócus, carece de um trabalho integrado e articulado entre gestão municipal e gestão escolar, coordenação pedagógica e professores. Concluímos que a EJA, embora, os problemas enfrentados, têm provocado mudanças na vida dos educandos. Os professores demonstraram que, por meio de seus esforços e conhecimento ajudam os alunos vislumbrarem e lutarem por um futuro diferente da realidade que vivenciam.