Origens transoceânicas e dinâmica de garrafas plásticas em uma praia recreativa da Amazônia: um estudo de caso na praia de Ajuruteua, Pará, Brasil

Este estudo analisou a origem e a dinâmica de garrafas plásticas alóctones acumuladas na Praia de Ajuruteua, nordeste do Pará, Amazônia brasileira. O objetivo foi caracterizar a composição e rastrear as origens de garrafas plásticas encontradas na praia. Foram realizados monitoramentos mensais entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024, integrando dados de resíduos e variáveis hidrodinâmicas. Ao todo, foram coletados 596 itens, sendo 99% plásticos, com 52,7% de origem africana e 38,9% asiática, totalizando 171 marcas de 48 países. A Mauritânia (32%) e a China (27,5%) destacaram-se como principais fontes, com associação altamente significativa entre país e frequência de resíduos (χ² = 1.396,231; p < 0,001; φc = 0,985). A predominância de garrafas de água mineral de PET (93,9%) reflete tanto a ubiquidade do material quanto sua resistência ambiental. As datas de validade indicaram deposição recente (≤ 2 anos), sugerindo descartes ilegais por embarcações transoceânicas, reforçados pelo intenso tráfego marítimo regional. Ventos de NE (até 12,5 m·s⁻¹), ondas médias de 1,7 m e correntes de até 0,16 m·s⁻¹ favoreceram o transporte e deposição dos resíduos. Conclui-se que a Praia de Ajuruteua atua como receptora de resíduos plásticos transoceânicos, sendo influenciada por fatores oceanográficos e antrópicos. Os resultados reforçam a necessidade de cooperação internacional e políticas integradas de manejo costeiro, visando reduzir a entrada de plásticos e promover a sustentabilidade em praias amazônicas.