“O célebre covil de desordeiros”: a hospedaria Centro das Flores, moralidade e conflito em Belém na Belle Époque (1898-1900)

Este trabalho emerge como uma análise cujo foco reside em estabelecer uma relação entre a recorrência da hospedaria Centro das Flores nos jornais e a tentativa de construção de uma nova sociabilidade emergente da urbanização de Belém durante a sua Belle Époque, pautada na disciplinarização e moralização de seus habitantes. As narrativas construídas dentro das notícias relacionadas a essa hospedaria abrem um caminho de interpretação para os embates ocorridos na cidade que estão relacionados à modernização do estilo de vida a partir de um desejo da elite de padronizar os habitantes da urbe dentro do que se entendia como civilizado. Os jornais são o ponto de partida dessa análise, que, conjuntamente a trabalhos de outros autores que refletem sobre a modernidade, a hierarquização de classes, a construção de discursos jornalísticos e sobre disciplinarização, busca exercer um novo ponto de vista sobre a sociedade que buscava se formar durante esse período singular da história paraense. Os resultados dessa pesquisa apontam para o uso do Centro das Flores nos periódicos como local exemplificador daquilo que se repudiava para essa nova sociedade, um conjunto de sujeitos e ações que deveriam ser rejeitados, e que, portanto, geraram estas recorrências com objetivo de difamar sua imagem e de seus frequentadores.