Écfrase e literatura fantástica nos contos de Edgar Allan Poe, Lygia Fagundes Telles e Maria Judite de Carvalho: um estudo comparado

Este trabalho realiza uma análise comparativa da écfrase e da literatura fantástica nos contos “O Retrato Oval” de Edgar Allan Poe, “A Caçada” de Lygia Fagundes Telles e “A Floresta em Sua Casa” de Maria Judite de Carvalho. O estudo investiga como a descrição de obras de arte nessas narrativas atua como ponto de convergência entre o real e o sobrenatural, utilizando a écfrase para criar tensões que desestabilizam as percepções dos personagens e leitores. A análise fundamenta-se na teoria do fantástico de Tzvetan Todorov (1981), que classifica o gênero como a hesitação entre o natural e o sobrenatural, e nos conceitos de écfrase como elaborados por Praz (1982) e Heffernan (1991). Em “O Retrato Oval”, a pintura de uma jovem leva à morte da modelo, evidenciando a obsessão do artista pela perfeição. Em “A Caçada”, a tapeçaria provoca uma fusão entre a memória e a fantasia, envolvendo o protagonista em uma narrativa ambígua. No conto de Carvalho, o desaparecimento dos animais em uma pintura reflete eventos trágicos no mundo real, aprofundando o mistério e a tensão entre as dimensões ficcionais e reais. A pesquisa destaca como a interação entre as artes visuais e a literatura pode intensificar o efeito fantástico, ampliando as possibilidades de interpretação dos leitores. Assim, a écfrase, nos contos analisados, serve como um meio de explorar os limites da percepção e da imaginação, oferecendo uma reflexão estética sobre a relação entre arte e vida.