A construção e validação parcial do protocolo de avaliação terapêutico ocupacional da repercussão da alteração do ciclo vigília¬sono nas ocupações

A alteração do ciclo vigília­sono modifica a fisiologia e hábitos pessoais repercutindo no âmbito físico, biológico ou psicológico. A equipe de enfermagem é uma das categorias de trabalhadores que sofrem privação do sono em sua rotina de trabalho. Tal alteração em enfermeiros podem acarretar em um desempenho ocupacional no trabalho insatisfatório e perigoso, e prejuízo não só na saúde física, social, mental e ocupacional destes trabalhadores. É fundamental a construção de instrumentos avaliativos que possam ser base para o entendimento dos desequilíbrios ocupacionais oriundos da privação do sono, afim de construir métodos, técnicas, instrumentos de intervenção futuros que auxiliem na busca do equilíbrio ocupacional dos sujeitos pesquisados e dos sujeitos atendidos. Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa foi criar e validar parcialmente um protocolo que avalie as repercussões da alteração do ciclo vigília sono nas ocupações, na saúde e bem estar. Para isto utilizou­se de um estudo quantitativo, de caráter exploratório, onde construiu­se um instrumento de Avaliação Terapêutica Ocupacional Sobre o Sono (ATOSS) o qual passou por um estudo piloto com nove pessoas de níveis educacionais diferentes e por seis Terapeutas Ocupacionais. Mediante os resultados do estudo piloto, realizou­se as alterações necessárias e o instrumento foi aplicado com os profissionais de enfermagem do Hospital Abelardo Santos. Foi realizada análise qualitativa por meio dos dados obtidos pela sistematização dos dados no programa Microsoft Office Excel. Quanto à validação do Protocolo ATOSS foi avaliada a correspondência entre os domínios do Questionário ATOSS e qualidade do Sono, por meio do teste de Shapiro­Wilk , ANOVA, Kruskal­Wallis, foi previamente fixado o nível de significância alfa=0.05 para rejeição da hipótese de nulidade. O planejamento do estudo foi realizado no software SAM e os testes de hipóteses foram realizados no BioEstat . Estatisticamente o instrumento não teve sua validação parcial concluída, pois o mesmo apresentou falhas, porém pôde ser rastreado as principais ocupações prejudicadas pela alteração do ciclo vigília­sono ­ quanto ao preparo as atividades mais prejudicadas foram os itens participação na educação, lazer e cuidado com a alimentação e quanto a participação os itens mais marcados foram participação na educação, lazer, costume religioso e uso de meios de transportes. Em relação ao bem estar e saúde o valor mais frequente atribuído foi a nota 8, em relação a saúde os sintomas que tiveram mais registros foram fadiga, irritabilidade, instabilidade emocional, dificuldade de concentração, prejuízos na memoria e alterações no humor. Contudo, em uma análise qualitativa do estudo, foi possível identificar as ocupações 10 mais prejudicadas, tanto no preparo quanto na participação e na saúde, confirmou­se o que outros estudos já traziam em seus resultados, que alteração no ciclo vigília­sono bem como a jornada dupla de trabalho, pode prejudicar a condição de saúde destes trabalhadores podendo ser causa ou consequência de um desequilíbrio ocupacional. Diante deste estudo, pôde­se perceber como a terapia ocupacional pode contribuir de forma significativa na saúde e qualidade de vida dos trabalhadores ao considerar o sono como uma ocupação que pode ser facilitadora ou barreira às outras ocupações.