Perfil epidemiológico do câncer pediátrico no estado do Pará: período de janeiro de 2000 a dezembro de 2004

Objetivo: Analisar o registro hospitalar de casos de câncer pediátrico descrevendo a ocorrência de casos novos; verificar a relação com sexo, idade, procedência e extensão clínica da doença; relatar a mortalidade das crianças com câncer; explorar a associação de casos novos com variáveis demográficas e evolução clínica. Método: estudo observacional, descritivo, longitudinal em crianças e adolescentes até 14 anos de idade completos, procedentes do Hospital Ofir Loyola. As 414 crianças foram atendidas no ambulatório de referência regional entre o período de janeiro de 2000 a dezembro de 2004. Resultados: foram registrados 414 casos novos de câncer, com distribuição constante nos três primeiros anos, seguida de pico de 2003 e queda acentuada em 2004. O câncer ocorreu em 55% dos pacientes no sexo masculino, sendo que para tumores renais e sarcomas de partes moles houve discreto predomínio do sexo feminino. Foram registrados 170, 78 e 43 novos casos, respectivamente, de leucemias, linfomas e tumores do SNC. Crianças na faixa pediátrica entre 1-4 anos responderam por 147 casos do total encontrado. Quanto a procedência dos pacientes, 30% eram da capital, 61% de outros municípios do estado e 7% de outros estados federativos. A mesorregião Metropolitana de Belém registrou 46,61%, o nordeste paraense 23,67% e sudeste paraense 11,83%. Foram a óbito 21 pacientes com mortalidade no período de 5% e taxa de letalidade geral de 50,7 óbitos/1000 casos, sendo que 14 eram procedentes do interior. No momento da primeira consulta 31,7% queixaram-se de febre, 30,07% diretamente da massa tumoral e 29,58% de palidez cutâneo-mucosa. Conclusões: observa-se predomínio do câncer pediátrico em pacientes com 1-4 anos e no sexo masculino. A leucemia foi o câncer mais freqüente no período avaliado. A maioria dos pacientes atendidos é oriunda do interior do estado do Pará. A mesorregião metropolitana de Belém abarca a maioria dos casos. Há uma relação direta entre o diagnóstico tardio, culminando no óbito e a procedência interiorana do paciente. Os sinais e sintomas mais freqüentes foram febre, tumoração e palidez cutâneo-mucosa.