A produção textual escrita de alunos do 8º ano: um olhar sobre as condições de produção do texto

O trabalho com a escrita vai muito além da sala de aula, para ser um produtor competente de textos, o aluno precisa, dentre outros aspectos, compreender a função social da escrita. Desse modo, salientamos que o processo de escrita necessita de algumas etapas importantíssimas. Geraldi (1997) salienta cinco condições necessárias para se produzir um texto. O aluno precisa: a) ter um conteúdo para ser explorado (o que dizer); b) ter uma finalidade para a escrita (uma razão para dizer); c) um interlocutor (para quem dizer); d) impor-se diante do que está dito (se constituir enquanto sujeito que diz o que diz para quem diz); e) adequar a fala/escrita (estratégias para realizar a, b, c e d). Este trabalho de Conclusão de Curso, vinculado ao Projeto de Pesquisa “Dialogismo em práticas linguageiras a partir do trabalho com os gêneros discursivos” (UFPA-Castanhal), tem como objetivo geral refletir sobre as condições de produção em textos de alunos, com o intuito de contribuir para a formação de produtores de textos competentes. Propõe os seguintes objetivos específicos: a) caracterizar as condições de produção presentes ou não nos textos dos alunos; b) verificar de que forma o trabalho desenvolvido por meio da SD contribui (ou não) para que as condições de produção sejam comtempladas, de forma significativa, nos textos dos alunos. A metodologia desta investigação, qualitativo-interpretativa, de cunho etnográfico e de natureza aplicada, obteve o seguinte percurso: a) escolha de uma professora da escola básica, b) elaboração de uma SD do gênero discursivo entrevista; c) implementação da SD em uma turma do 8º ano do ensino fundamental final da rede estadual de ensino; d) seleção de três textos para a realização da análise da análise de primeira versão; e) seleção de três textos de segunda versão para uma comparação com as primeiras análises realizadas, f) análise das condições de produção presentes (ou não) nos textos. A pesquisa pauta-se na visão dialógica da linguagem, a partir dos pressupostos teóricos do Círculo de Bakhtin e de pesquisadores que seguem esta vertente. Os resultados demonstram que, nos textos de primeira versão, os alunos contemplam, parcialmente, as condições de produção propostas por Geraldi (1997) e que, nos textos de segunda versão, produzidos após a mediação das professoras estagiárias e após a realização dos bilhetes orientadores, os alunos comtemplam todas as etapas de produção de maneira satisfatória.