Transmissões verticais da infecção por HTLV em ex-doadores de sangue

O vírus linfotrópico-T humano (HTLV) é um patógeno pertencente à família dos retrovírus, merecedor de atenção devido seu mecanismo de transmissão por via parenteral e por estar associado a doenças graves como a leucemia/linfoma de células T do adulto (LLTA) e a mielopatia associada ao HTLV/paraparesia espástica tropical (HAM/TSP). Estima-se que aproximadamente 20 milhões de indivíduos estejam infectados pelo HTLV em todo o mundo, inclusive o vírus está documentado em todos os estados do Brasil. A triagem para HTLV-1 e HTLV-2 é obrigatória desde 1993, em hemobancos no país. O estudo em questão tem como objetivo investigar a ocorrência de transmissões verticais por HTLV em ex-doadores de sangue em Belém, atendidos em serviço público federal de ensino em saúde, no período de Janeiro de 2008 a Abril de 2018. A metodologia consistiu na busca em banco de dados eletrônicos e em prontuários da unidade, posteriormente foi aplicado TCLE (termo de consentimento livre e esclarecido) para coleta de dados sócio-demográficos. No período, foram investigados 747 ex-doadores de sangue, dentre os quais 75,8% confirmaram a infecção por detecção do genoma viral. A proporção entre os gêneros masculino e feminino foi de 1:1, a média de idade identificada foi de 40 anos, a cor de pele mais autodeclarada foi parda. Em 52 casos foi possível a investigação da infecção na genitora, que apontou possíveis 20 (38,5%) casos de transmissões verticais do HTLV, sendo quatro (7,7%) com mais de cinco anos de doação. Diante da ocorrência de possíveis transmissões verticais com soroconversões tardias, torna se necessária uma melhor investigação dos casos de transmissões verticais do HTLV, para prevenção e monitoramento de novas transmissões virais em bancos de sangue.