Origem dos níveis de brechas da Formação Guia, Tangará da Serra, MT

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08-04-2013

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CUNHA, Lucas Noronha. Origem dos níveis de brechas da Formação Guia, Tangará da Serra, MT. Orientador: Joelson Lima Soares. 2013. 108 f. Trabalho de Curso (Bacharelado em Geologia) - Faculdade de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2013. Disponível em: https://bdm.ufpa.br/jspui/handle/prefix/2422. Acesso em:.
A Formação Guia (Grupo Araras) é constituída por calcários finos betuminosos, folhelhos e brechas calcárias, localmente dolomitizados que registram ambientes de águas profundas, supersaturadas em CaCO3. A base desta unidade compõe a capa carbonática relacionada ao último evento glacial do Criogeniano (635 Ma) no Brasil. Níveis de brechas são comumente encontrados nos calcários da Formação Guia na região de Tangará da Serra, estado de Mato Grosso. Brechas carbonáticas são geralmente complexas quanto à interpretação dos processos geradores. Eventos tectônicos, fluxos gravitacionais e exposição subaérea são os principais processos formadores de brechas em rochas carbonáticas. Desvendar qual a origem dos níveis de brechas na área de estudo é um dos principais objetivos deste trabalho. Estudos petrográficos e geoquímicos (MEV e difração de raios X) têm sido alguns dos métodos utilizados para determinar as condições diagenéticas e/ou deposicionais que formaram as brechas. Nesse trabalho foi realizada a descrição dos constituintes deposicionais (clastos e matriz) e diagenéticos (cimentos e substituições) de dois níveis de brechas e a interpretação dos processos que as geraram. O primeiro nível foi descrito próximo ao contato entre as formações Mirassol d’Oeste (dolomitos finos) e Guia, consiste de uma brecha carbonática de arcabouço aberto, formando zonas descontínuas de até 3m de espessura, apresenta clastos de diferentes litotipos como dolomitos, calcários e arenitos. Os clastos são angulosos, mal selecionados e apresenta-se disposto de forma caótica sem nenhuma orientação preferencial. A matriz é composta de calcita microcristalina de cor vermelha e maciça. São também descritos nesse nível de brecha: cimento carbonático fibroso, feições de dissolução como poros vugs, concreções de composição ferro-manganesífera, conchas de gastrópodes e espeleotemas. O segundo nível descrito está posicionado na porção central da Formação Guia e consiste de brechas carbonáticas intraformacionais de arcabouço aberto e fechado com até 4m de espessura, seus clastos correspondem a fragmentos de argilitos e calcários pertencentes à Formação Guia. Os clastos são predominantemente angulosos, mal selecionados, retangulares e tabulares, em geral estão dispostos de forma caótica, porém na porção basal, próximo à rocha encaixante os clastos apresentam uma disposição paralela ao contato e tendem a concentrar-se em maior abundância na parte inferior do nível. A matriz é maciça, de cor vermelha e composição predominantemente de calcita, apresenta-se com cristais grossos de calcita com feições de dolomita barroca e drusas de calcita e dolomita barroca desdolomitizada. Localmente, a brecha também apresenta cimento carbonático constituído por cristais de calcita espática e romboedros de dolomita entre os clastos. O primeiro nível é interpretado como resultado de processos cársticos associados a movimentos tectônicos de soerguimento que expuseram as rochas a zona vadosa. A presença de depósitos descontínuos contendo espeleotemas, concreções ferro-manganesíferas e poros de dissolução dentro de camadas de rochas carbonáticas são comumente interpretados como feições de exposição subaérea. A presença de conchas de gastrópodes não fossilizadas sugerem que os processos de formação da caverna ocorreram no Holoceno. O segundo nível é interpretado como preenchimento de diques neptunianos formados a partir de fraturamento e dilatação de calcários da Formação Guia gerada por sismicidade. A ocorrência do cimento de calcita magnesiana sugere cimentação em águas marinhas enquanto que a presença de dolomita romboédrica é provavelmente produto de substituição da matriz micrítica e da calcita espática. Dolomitas barrocas indicam que fluidos hidrotermais afetaram as brechas durante a mesodiagênese. Processos de desdolomitização podem estar associados a condições de telodiagênese. Estas brechas que preenchem diques neptunianos estão associadas a uma zona de dobras e falhas entre zonas sem deformação. Não foram identificadas feições que indiquem exposição subaérea, portanto a formação das brechas neste nível está provavelmente associada a processos tectônicos, como abalos sísmicos em ambiente de soterramento.

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