Microfácies e traços fósseis em depósitos siliciclásticos e carbonáticos da Formação Pirabas, Plataforma Bragantina: a influência de eventos de anoxia e a ocupação do substrato

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01-01-2014

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BRITO, Ailton da Silva. Microfácies e traços fósseis em depósitos siliciclásticos e carbonáticos da Formação Pirabas, Plataforma Bragantina: a influência de eventos de anoxia e a ocupação do substrato. Orientador: Joelson Lima Soares. 2014. 117 f. Trabalho de Curso (Bacharelado em Geologia) - Faculdade de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2014. Disponível em: http://bdm.ufpa.br/jspui/handle/prefix/1954. Acesso em:.
Depósitos miocênicos da Formação Pirabas ocorrem descontinuamente no nordeste do estado do Pará, são caracterizados pelo predomínio de rochas carbonáticas fossilíferas, que representam um dos melhores registros da sedimentação marinha do Cenozoico do Brasil. A Formação Pirabas tem revelado a presença de uma abundante icnofauna de invertebrados tanto em depósitos siliciclásticos como carbonáticos, porém ainda pouco estudada. Os icnitos analisados neste trabalho foram coletados na Mina B-17 (município de Capanema), praia do Atalaia (Salinópolis) e na comunidade de Aricuru (município de Maracanã). O estudo microfaciológico da unidade em questão permitiu a identificação de sete microfácies: grainstone com grãos terrígenos e algas (Gt), wackestone/packstone com laminação plana (W/P), packstone rico em foraminíferos e moluscos (P), rudstone com fragmentos de moluscos (R), wackestone com grãos terrígenos (W), calci-mudstone (Cm) e dolomudstone maciço (Dm). Foram identificados cinco tipos de traços fósseis representados pelas icnoespécies Gyrolithes davreuxi, Palaeophycus tubularis, Thalassinoides callianassae, Thalassinoides suevicus, Megathalassinoides isp. e um megatraço fóssil construído provavelmente por gastrópodes Turbinella. Essas assembléias icnofossilíferas ocorrem em substratos softgrounds (substratos inconsolidados, ricos em água), exemplificado pela presença de traços fósseis com certa irregularidade no seu diâmetro em função do substrato estar pouco consolido. São associações representativas da icnofácies Cruziana que consistem em construções de habitação (Domichnia) e alimentação (Fodinichnia) em regiões abaixo do nível de ação das ondas, caracterizando ambiente de baixa energia, indicando que os animais responsáveis por estes traços preferem ambientes de águas calmas com esporádicos influxos de terrígenos. Esta icnofácies é bastante empobrecida em sua icnodiversidade típica de condições de água salobra. A distribuição das assembleias icnofossilífera na Formação Pirabas sugerem ambiente marinho raso, no qual houve diminuição das taxas de salinidade da base para o topo como mostrado pela abundancia de traços fósseis e sua baixa diversidade em direção ao topo. A presença da icnofábrica Gyrolithes sugere a ocorrência de períodos com flutuações de salinidade. Este fato é corroborado pelos índices de bioturbação, geralmente baixos e pelas medidas do diâmetro dos traços fósseis que em geral não apresentam anomalias ou diferenças significativas dos seus equivalentes descritos em outros depósitos e regiões. O que sugere que houve predominância de águas salobras, oxigenadas e pouco profundas. Os baixos índices de bioturbação podem estar relacionados a algum estresse ambiental durante a ocupação do substrato como mudanças nos níveis de oxidação e salinidade. A presença da icnofácies Cruziana reflete ambiente de litorâneo com substrato inconsolidado, caracterizado por moderadas variações do nível de energia em águas rasas sob a ação de ondas normais e baixos níveis de energia em águas profundas e calmas. Estas características somadas à predominância de traços horizontais apontam para um ambiente em que predominam águas salobras e com variações nos níveis de oxigenação e salinidade. Os índices de bioturbação muito baixos também podem estar relacionados a algum estresse ambiental durante a ocupação do substrato. Os megatraços que ocorrem restritos as microfácies finas e em um único nível e localidade, o que sugere que somente organismos especialistas habitavam estes substratos. O “mega” diâmetro dos traços fósseis sugere que as condições de salinidade e oxigênio possibilitavam a vida de grandes organismos na superfície. Outro fator importante para a inexistência de organismos perfurantes foi o fato de abaixo da interface sedimento-água o substrato ser anóxico. Anóxia do substrato é indicada pela abundancia de matéria orgânica nestas microfácies. Assim, a partir do estudo microfaciológico e dos traços fósseis a sucessão carbonática da Formação Pirabas foi aqui interpretada como pertencente a ambiente de plataforma carbonática marinha rasa com barras bioclásticas e lagunas e mangues associados, onde existiam variações de salinidade e oxigenação próximas do substrato que governavam os períodos de ocupação do fundo marinho.

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