Gravidez ectópica na cicatriz uterina de cesárea em um hospital de referência no estado do Pará: relato de caso

A gravidez ectópica caracteriza­se pela implantação do blastocisto em uma cavidade que não seja a superfície endometrial do útero. A localização mais comum de acontecer esse tipo de gestação é na tuba uterina, especificamente na região ampular. Uma gestação ectópica na cicatriz uterina de cesárea é considerada a apresentação mais rara de gravidez ectópica e de elevada morbimortalidade. Sua fisiopatologia ainda é pouco elucidada, mas se entende que é uma gravidez inserida na cicatriz uterina de cesariana, circundada por miométrio e tecido fibroso. Nos últimos anos, o aumento substancial de cesarianas realizadas tem sido um dos fatores primordiais no aparecimento dessa gestação. O quadro clínico, dosagens hormonais e estudo de imagens são usados para o diagnóstico, os quais serão relevantes para traçar a terapêutica mais adequada a cada caso, desde tratamento conservador até cirurgia. Objetivo: relatar um caso raro de gravidez ectópica em cicatriz uterina de cesárea ocorrido em um hospital de referência no atendimento à gestante de alto risco no Estado do Pará. Metodologia: estudo secundário, observacional, descritivo e retrospectivo, por meio de revisão de prontuário médico. Relato de caso: paciente do sexo feminino, 24 anos, G3PC2A0, foi admitida em enfermaria de maternidade de alto risco em Belém/PA, com quadro de dor pélvica e sangramento vaginal em média quantidade, apresentando, na fossa ilíaca esquerda, dor à palpação superficial. Os exames de beta-­HCG e exames de imagem, como ultrassonografias transvaginais, indicaram gravidez ectópica e, por meio de laparotomia exploradora, foi identificado embrião e restos ovulares na região de incisão de cesariana anterior. Conclusão: Conclui­-se, dessa forma, que a gravidez ectópica na cicatriz de cesariana se revela como um caso excepcional de gestação ectópica não-­tubária e de alta mortalidade. Felizmente, houve um desfecho favorável à condição da paciente. No entanto, são necessários mais estudos que se aprofundem na temática que possam ajudar a lidar com o desafio para a equipe médica que é a decisão sobre a melhor conduta terapêutica em cada fase da gestação.