Casos de encefalites virais e Síndrome de Guillain Barré em pacientes internados no HUJBB no período de 2000 / 2005: possível confusão diagnóstica com raiva paralítica transmitida por morcegos

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01-01-2007

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BORGES, Juliana de Araújo; LELLIS, Lenízio Lima; PAULA, Luciana Silva de. Casos de encefalites virais e Síndrome de Guillain Barré em pacientes internados no HUJBB no período de 2000 / 2005: possível confusão diagnóstica com raiva paralítica transmitida por morcegos. Orientadora: Rita Catarina Medeiros Sousa. 2007. 79 f. Trabalho de Curso (Bacharelado em Medicina) - Faculdade de Medicina, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Pará, Belém, 2007. Disponível em:https://bdm.ufpa.br:8443/jspui/handle/prefix/4781. Acesso em:.
Entre os meses de março e maio de 2004, ocorreram no Estado do Pará, nos municípios de Portel e Viseu, 21 casos de raiva humana transmitidos por morcegos. O quadro clínico da doença foi caracterizado por uma forma paralítica, sem sinais e sintomas mais sugestivos da raiva do tipo furiosa, tais como delírios, alucinações, hidrofobia e aerofobia. Sabe-se que a raiva animal transmitida por morcegos, especialmente em bovinos, vem ocorrendo nos últimos dois anos em diversas localidades no Pará. Como outras doenças humanas de origem infecciosa e de apresentação clínica semelhante são causas freqüentes de internação no Hospital Universitário João de Barros Barreto, questionou-se a ocorrência de casos de raiva humana na sua forma paralítica há mais tempo no estado que tenham sido confundidos com outras afecções do Sistema Nervoso Central e Periférico. O objetivo do trabalho visou caracterizar clínica e epidemiologicamente os casos de raiva humana transmitidos por morcegos que foram internados no Hospital Universitário João de Barros Barreto em 2004, comparando os resultados obtidos com aqueles encontrados entre os pacientes com diagnóstico de Síndrome de Guillain Barré e encefalites virais internados no mesmo hospital entre os anos de 2000 a 2005, na tentativa de identificar possíveis casos de raiva humana na sua forma paralítica que tenham sido diagnosticados como outra doença de quadro clínico semelhante. Nove casos de raiva paralítica foram descritos, oito procedentes de Portel e um de Viseu, todos ocorridos em 2004, nos quais predominou febre persistente, parestesia e paralisia assimétrica, de caráter ascendente de membros inferiores, retenção urinária e constipação intestinal. Laboratorialmente, os achados mais importantes foram leucocitose com neutrofilia, além de pleocitose de baixa a moderada no líquido cefalorraquidiano e hiperproteinorraquia. Dos quatro casos de Síndrome de Guillain Barré, três poderiam ser enquadrados como suspeitos de raiva, seja pelo tempo curto de doença, seja pela clínica com febre, desorientação e até sialorréia. Nos 23 casos de encefalite / meningoencefalite estudados, vários rotulados como meningite ou meningoencefalite bacteriana ou purulenta, a etiologia bacteriana permaneceu interrogada, sem esclarecimento diagnóstico. Somente oito pacientes apresentaram tempo de doença mais prolongado (mais de três semanas), sem suporte ventilatório, o que fala contra o diagnóstico de raiva, doença de evolução mais rápida, de uma a duas semanas. Dois pacientes tinham história de agressão por animal poucas semanas antes da doença. Assim, pelo menos 15 pacientes, com clínica de encefalite / meningoencefalite, com presença de febre, desorientação, retenção urinária, alguns com constipação intestinal e até sialorréia, entre outros sinais e sintomas também freqüentes na raiva, deveriam ter o diagnóstico de encefalite pelo vírus rábico interrogado, com investigação diagnóstica para a mesma. Este trabalho sugere que a ocorrência de raiva humana possa ser mais elevada do que o notificado até então, sendo importante a vigilância de casos de Síndrome de Guillain Barré e encefalites / meningoencefalites de evolução fatal, em dias ou poucas semanas, sem causa esclarecida.

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